
O que me devasta é essa insistente mania de antecipar o que seria sem nunca ter sido.
Sofro de urgência.
É ignorar o fato de que não retenho areia em minhas mãos.
Elas escapam e há um certo alívio e imenso gozo nisso.
Vivo me perdendo em devaneios na tentativa de definir esse infinito-vazio interno.
Sinto uma fome insaciável.
O incerto sempre me assombrou com a sua soberba enigmática e imprevisível.
Detesto surpresas.
Mais ainda o óbvio demais.
O longe para mim é um caminho estreito porque desejo o “pra ontem”.
Agora é só a insistência do que já foi planejado.
A espera é o maior obstáculo para o ser audacioso e impaciente que sou.
Paciência é treino e sou indisciplinada demais para praticá-la.
Anseio, quero, preciso.
Muito! Tudo muito!
Ou nada.
Eu sou como uma onda nesse mar de vida que às vezes se quebra toda, outras simplesmente morre na praia, serena e resignada ou por demais cansada.
Essa eterna luta e desistência dentro de mim.
Silêncio é algo que perturba os meus sentidos na minha intensa busca dos porquês sem lógica.
E como ele me traz paz ou me devora por inteiro!
Hoje fui devorada por ele.
Escrevi.