
Vivia num canto, de cócoras como se estivesse a espera do ovo.
— Que ovo?, perguntavam.
E ela cacarejava e em gargalhadas estridentes movimentava-se de um lado para o outro dizendo:
— Eu botarei um ovo, e completava: vocês são bichos, tudo bicho.
Assim permaneceu quase por uma semana inteirinha.
O médico da família alegou se tratar de doença dos miolos moles.
Permanecia irredutível, em cócoras, no mesmo canto. Bebia água e passou a comer minhocas. Ninguém via. Ela quem dizia.
Numa manhã de domingo, lá estava sorridente com o ovo na mão.
— Eu disse, eu disse. Aqui está o ovo!, — há tempos não se via ovo naquela casa.
Olharam-se ressabiados.
— Tudo bicho, tudo bicho. Tudim.