
Queria bem mais surpreender-te com um verso quente, macio, meu lírico devaneio em meio ao veraneio, ao invés de dizer-te tantas durezas, asperezas cotidianas. Sublinhar poesias melosas, prosas com o suave tom das rosas, flores que agora jazem no meu quintal. Fazer-te-iria um varal com as fotos dos nossos melhores dias debruçados em sonhos para os amantes se encantarem em suspiros, martírio dos solteiros nos dias frios como hoje. Colocaria no forno quente um bolo de chocolate pra gente, daqueles cobertos de caldas grossas, aromas misturados ao cheiro do café. Afagaria seus dias gelados com um cafuné demorado, beijo molhado, lareiras e aquele nosso vinho amadeirado. Dar-te-ia ninho terno, eterno, contrapondo esse meu modo fosco e tosco de ser. Sabes que é sem querer. Deixaria em sua cabeceira um livro meu te dedicando uma vida inteira de alegrias e palavras sussurradas ao pé do ouvido num final de domingo aliviando suas segundas de tédio. Sua eterna brincadeira. Desataria suas incertezas com a minha boca. Seus medos com a minha ânsia louca pelos mistérios do Universo. Seria a fogueira acesa alimentando a mesa da sua alma, essa infinita faminta por pertencimento dentro do coração de alguém. Eu dentro do seu e você dentro do meu. Pena que hoje sentimos tanto frio. É! É inverno. E estou até de luvas…
Ah vai as luvas! mas se tiver com meias poah e chinelo. O bolo e o café deixa que eu faço, disse o mister universo enquanto acendia a lareira.
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Boa! 🙂
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muito bom, linguagem essencial, desfecho inusitado, e uma levada no texto que é envolvente. é inverno, faz frio e o café quente chega em boa hora nesta manhã ainda fria, antes de o sol aparecer. gostei imenso. o meu abraço.
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Feliz que tenha saboreado esse cafezim daqui a te envolver! Muito obrigada. Abraço. 🙂
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