Pousou ali um pássaro perdido
a se esgueirar no parapeito da janela.
Dentro do quarto, a cama quente, o dia arrastado,
o pássaro alado bem a sua frente.
Fechou os olhos e pediu para que o vento arrastasse seu corpo cansado
em corda bamba a um evento fulgaz qualquer
lhe demovendo daquela maldita inércia.
Os desejos pediam asas sobrevoando um dia ensolarado,
montanhas e brisa espanando o rosto.
A garganta seca não saciava água
queria deleite, regozijo, júbilo e cânticos de primavera.
Fazia tempo que o inverno entrou e as flores teimavam em se esconder.
Vislumbrou num fiasco de fresta
uma luz minguada junto ao balanço das cortinas
convidando-lhe a bailar enquanto o pássaro embalava uma canção antiga de despedida.
Bem te quis, bem te quis.
Percorreu a janela de sua mente deixando a garganta queimar.
Lágrimas brotaram desafiando a morte.
Estou viva?
Até as cortinas dançam!
Quando pensou em levantar o pássaro se foi deixando uma pena, apenas.
Lembranças.
Perdeu a coragem da vida.
Perdeu a coragem da vida.
Um dia desses ela ainda pula de asa delta…
É melhor pular de asa delta que da janela.
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Exatamente!
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Fascinante, una auténtica evocación tropical, como las de mi tierra. Saludos…
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Muito obrigada pelo prestígio Alejandro! Saludos… 🙂
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